Joan Baez

Nascida nos Estados Unidos, Joan Baez conseguiu se tornar uma das mais festejadas cantoras de música de protesto latino-americana. E fez isso com mérito. Ao longo dos anos 1960 e 1970, gravando em inglês e em espanhol, a rainha do folk se tornou conhecida por seu timbre característico — soprano hábil nos vibratos — mas sobretudo por seu engajamento político.

Subiu em palanques ao lado de Martin Luther King, cantou em prisões, foi se apresentar nos teatros dos negros quando eles eram proibidos de entrar nos teatros dos brancos, manifestou-se aberta e intensamente contra a Guerra do Vietnã, fundou em 1966 um instituto dedicado ao estudo da não-violência, militou na Anistia Internacional, e se aliou à resistência democrática em todos os países dominados por ditaduras militares na América do Sul.

Em 1974, meses depois do golpe que assassinou Salvador Allende e entregou o governo do Chile ao general Augusto Pinochet, Joan Baez lançou um disco em espanhol intitulado Gracias a la Vida, como a canção da chilena Violeta Parra. Sua inspiração para lançá-lo foi justamente a crueldade do regime. Joan Baez usou sua arte para mandar uma mensagem de esperança ao povo chileno e, ao mesmo tempo, ajudar a colocar o Chile no centro da pauta internacional. “Quando o golpe foi deflagrado, nós da Anistia Internacional trabalhamos duro para salvar vidas, e de fato salvamos algumas”, declarou, numa reportagem da revista People.

Filha de pai mexicano, professor de Física na Universidade de Stanford, Joan Baez nasceu em Staten Island, perto de Manhattan, mas passou a adolescência na Califórnia, onde adquiriu gosto pela música e pelas bandeiras do pacifismo e da diversidade. Tinha 18 anos quando chamou atenção ao estrear num Newport Folk Festival, em 1959.

Em 1962, já havia se tornado a maior cantora folk americana, com três discos gravados, um deles ao vivo, e estampou a capa da revista Time, aos 21 anos. Namorou Bob Dylan nessa época, misturou Beatles com canções folclóricas, casou-se com um militante antibélico, subiu grávida ao palco do Woodstock (1969) e se engajou numa série de lutas antes de fazer sua primeira turnê pela América Latina, aos 33 anos, para divulgar o álbum Gracias a la vida, ao mesmo tempo em que aproveitava as entrevistas para denunciar a violência dos regimes ditatoriais.

Gravou “Te Recuerdo Amanda“, de Víctor Jara, “Guantanamera“, de Joseíto Fernández e José Martí, além dos hits “El Preso Número Nueve“, de Roberto Cantoral, e o tema de domínio público “No Nos Moverán“. Em inglês, destacam-se “The Boxer“, de Simon & Garfunkel, e “Blowin’ in the Wind“, de Bob Dylan.

Joan Baez apresenta Sweet Sir Galahad no Festival de Woodstock, em 1969.

Na Bretanha francesa, Joan Baez canta "Gracias a la Vida", de Violeta Parra, num festival ao ar livre, em 2000

frases

  • "Na primeira visita ao Brasil, em maio de 1981, a sina de 'cantora de protesto' pegou a americana Joan Baez em cheio. Ditadura militar em vigência, as bombas do Riocentro ainda fumegantes, ela encontrou, ao chegar ao país, fortes restrições governamentais com relação a qualquer tipo de comentário político. E, sem muitas explicações, foi simplesmente proibida de cantar. Mas não ficou parada. Em São Paulo, almoçou com o então presidente do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio da Silva, o Lula. No Rio, durante o Conclave do Sol, no Aterro do Flamengo, subiu ao palco e dançou um baião." (Silvio Essinger, crítico de música, no jornal O Globo, em 2014).