Memórias da Ditadura

Carlos Alberto Augusto

Carlos Alberto Augusto, conhecido pelos apelidos de “Carlinhos Metralha” ou “Carteira Preta”, é delegado aposentado da Polícia Civil de São Paulo. Trabalhou como investigador no Dops de 1970 a 1977, sob ordens de Sérgio Paranhos Fleury. Segundo testemunhas, ganhou o apelido de “Carlinhos Metralha” por ter o costume de andar pelos corredores da sede do órgão portando uma metralhadora.

É acusado de envolvimento em casos de desaparecimentos e torturas de presos políticos. Carlos Alberto é réu num processo criminal movido pelo Ministério Público Federal (MPF), pelo crime de sequestro qualificado de Edgar de Aquino Duarte, em junho de 1971.

Participou, ainda da operação que resultou no chamado Massacre da Chácara São Bento, ocorrido em 1973 em Pernambuco, quando seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foram executados.

Em 2013, foi nomeado delegado de 2ª classe de Itatiba (SP), o que gerou protestos por parte de ex-presos políticos. Por essa razão, foi alvo de um escracho na cidade, organizado pela Frente de Esculacho Popular (FEP). Aposentou-se em fevereiro de 2014.

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frases

  • “É mentira [a existência de tortura nas dependências do Dops]. É que esse bando de caguetas dizem: ‘Aí, eu entreguei você porque tomei um pau’. É tudo cagueta esses caras. Fiquei infiltrado no meio desses canalhas, traidores da pátria”

    “A mentira é sempre a arma dos comunistas, terroristas, ladrões do povo. Tomei conhecimento desse apelido [“Metralha”] quando entrei com uma ação contra o maior grupo de mídia do Brasil, que divulgou na televisão uma reportagem falando nesse apelido. A ação que impetrei foi difícil, desgastante, mas ganhei uma vergonhosa indenização na Justiça. Afinal, enfrentei bancas de advogados com fortes ligações com o judiciário. Esses comunistas piratas, terroristas que me respeitavam muito, inventaram isso. Eu tinha minha metralhadora de nove milímetros sempre nas mãos. Foi comprada por mim, mas o Estado me expropriou.”

    “Não nego não [participação no Massacre da Chácara São Bento]! Eles queriam me matar lá. Eles queriam me levar para me executar. Não nego, não! Eles queriam matar o cabo Anselmo e eu. Os [militantes] que morreram lá interrogavam, julgavam, executavam e enterravam. Tanto que muitos desaparecidos foram eles que enterraram.”

  • “Ustra não participou da prisão, mas manteve ele [Edgar Aquino Duarte, desaparecido político] escondido no DOI-Codi, durante alguns meses. E o Metralha participa da prisão e da manutenção dele lá. Eu acredito que tenha participado talvez até do desaparecimento”, Ivan Seixas, ex-preso político.

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