O ex-sargento Marival Dias Chaves do Canto trabalhou no DOI-Codi e no Centro de Informações do Exército (CIE) durante a ditadura. Deixou as Forças Armadas em 1985, no início da redemocratização do Brasil, para se aposentar. Atualmente, é tido como um dos principais delatores das torturas e assassinatos cometidos pelos aparelhos de repressão que atuou dentro de algum desses órgãos no período.
Após sair do Exército, veio a público pela primeira vez em uma entrevista à revista Veja, em 1992, ocasião em que relatou os abusos e assassinatos contra vários ex-presos políticos e descreveu o funcionamento interno de alguns órgãos da repressão. Ele nega, contudo, que tenha participado dos atos de tortura e morte. Afirma que lia, analisava e produzia documentos, informes e relatórios, atividade que, segundo diz, lhe ajudou a tomar nota de muitos abusos.
Em 2012, colaborou com a Comissão Nacional da Verdade (CNV), quando repetiu com detalhes a versão que antes havia contado à imprensa. No depoimento, disse não ter dúvidas de que o então major Carlos Alberto Brilhante Ustra era “senhor da vida e da morte” porque escolhia quais presos políticos deveriam viver ou morrer. Afirmou, além disso, que a repressão da ditadura contou com o apoio financeiro de muitas empresas e empresários simpáticos ao regime. Contou também que, desde que começou suas denúncias, passou a receber cartas com ameaças de morte.
Links
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“Matar subversivos era uma atividade altamente profissional. Nas casas de São Paulo, havia uma equipe especializada na ocultação dos cadáveres. Os agentes sabiam exatamente o que fazer. Primeiro, amputavam as falangetas dos dedos, para evitar que os mortos fossem reconhecidos através das impressões digitais. Depois, amarravam as pernas para trás, de forma que o corpo ficasse reduzido à metade, e esfaqueavam a barriga”