Memórias da Ditadura

Paulo Bonchristiano

José Paulo Bonchristiano, delegado aposentado, foi chefe da Divisão de Ordem Política do Dops de São Paulo. É bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) e integrou o Centro Acadêmico 22 de agosto. A primeira operação de grande porte realizada por ele no Dops, em abril de 1964, foi a apreensão de 19 cadernetas na casa do líder comunista Luís Carlos Prestes. Nelas constavam detalhes da vida partidária do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Bonchristiano também comandou a Operação Ibiúna, que desmantelou o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 12 de outubro de 1968. Na ocasião, 1.263 estudantes foram presos.

Com a extinção do Dops, em 1983, Bonchristiano foi transferido para uma seção da Secretaria de Justiça encarregada das viúvas dos soldados mortos na Segunda Guerra Mundial. Aposentou-se aos 53 anos.

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frases

  • “Para vocês de fora é diferente, mas para nós, acabar com marginal é uma coisa positiva. O meu colega Fleury merecia um busto em praça pública.”

  • “Uma vez prendi um cara em um aparelho no Tremembé, e quando estava chegando no DOPS, o Fleury pediu o preso emprestado, não lembro o nome dele. Depois de dois dias sem notícias do preso, fui perguntar para o Fleury, e ele me pediu desculpas, tinha matado o cara que eu nem ouvi”.

  • “O pau-de-arara não é, assim, uma tortura, vai tensionando os músculos, se o cara falar logo não fica nem marca, mas se o cara for macho e segurar…”

  • Naquela época foi diferente, o governo estava tentando melhorar o país. Aí nós tivemos que fazer essa luta. Nunca considerei os comunistas bandidos, considerava ideologicamente inimigos. Tanto que eu sempre falei, não poderia haver mortes”.

  • O Dops era um órgão de inteligência policial, fazíamos o levantamento de todo e qualquer cidadão que tivesse alguma coisa contra o governo, chegamos a ter fichas de 200 mil pessoas durante a revolução”.

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