Memórias da Ditadura

Harry Shibata

O médico-legista Harry Shibata é acusado de assinar laudos necroscópicos falsos de presos políticos assassinados pela ditadura. Seu nome aparece diversas vezes no “Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964”, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Entre os laudos assinados por ele, estão o de Carlos Marighella, dado como morto em tiroteio, mas, na verdade, executado com diversos tiros; Vladimir Herzog, que segundo o regime teria cometido suicídio, versão já desmentida oficialmente pelo Estado brasileiro; e Sônia Maria Angel Jones, cuja tortura e estupro teria sido transformada por Shibata em morte por tiroteio.

Em abril de 2012, o médico sofreu um “escracho” em frente de sua casa, no Alto de Pinheiros, em São Paulo, organizado pela Frente de Esculacho Popular (FEP).

Harry Shibata, legista da ditadura militar, sofre "esculacho popular" em São Paulo

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frases

  • “Eu não fiz a autópsia [de Vladimir Herzog] porque o segundo perito não participa. É praxe. Ele lê o laudo, conversa com quem fez o exame. Se ele estiver de acordo, assina. Eu não assinei como suicídio. O laudo dizia que ele morreu de asfixia por enforcamento. No caso do Vlado, ele morreu de asfixia mecânica por enforcamento. Se enforcaram ou não enforcaram, se é suicídio, homicídio ou acidente, não é função do legista. Isso é o inquérito que vai dizer.”

    “Absolutamente. Nunca. Imagina. Eu tenho um juramento comigo mesmo. Eu sou espiritualmente muito doutrinado. E Jesus foi sempre quem pregou a verdade: ‘em verdade, em verdade, vos digo’.”

    “Como é a cadeira do dragão? Você tem ideia? Eu nunca vi (…). Ah, toma choque? É tipo cadeira elétrica, então? Se você está dizendo isso de cadeira do dragão, de choque… Choque não deixa vestígio.”

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