Memórias da Ditadura

Apolônio de Carvalho

Ao longo do século XX, Apolônio de Carvalho sempre lutou por aquilo em que acreditava, numa longa e duradoura militância por transformação social. A partir da década de 1930, esteve presente nas mais importantes lutas políticas do Brasil e da Europa: serviu no exército brasileiro e depois foi expulso pela ditadura Vargas; ingressou no Partido Comunista Brasileiro; foi voluntário nas Brigadas Internacionais da Guerra Civil Espanhola contra os fascistas; e atuou na resistência francesa, na luta contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial. Foi, por assim dizer, um exemplo de militante internacionalista, chamado pelo escritor Jorge Amado de “um herói de três pátrias”.

Quando voltou ao Brasil, em 1946, envolveu-se ativamente na vida política do país. Durante a ditadura militar, participou da resistência e passou a viver na clandestinidade. Em 1964, com divergências com o Comitê Central do Partido Comunista, rompeu com o partido e fundou, em 1969, o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), juntamente com Jacob Gorender e Mário Alves. Em 1970, foi preso e torturado pelo regime militar. Em junho daquele ano, Apolônio e outros 39 presos políticos brasileiros foram banidos para a Argélia, trocados em decorrência do sequestro do embaixador da Alemanha.

Em outubro de 1979, com a promulgação da Lei de Anistia, retornou ao Brasil, e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), sendo um dos primeiros filiados.

Documentário Vale a pena sonhar

Programa Memória e contexto - TVT

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frases

  • “Nunca tive culto à figura do Prestes. Mesmo ao jovem Fidel [Castro] a gente olhava com carinho, com respeito, mas sem culto. Para nós, a Revolução de Cuba era muito interessante, mas dentro de realidades diferentes, de condições internacionais extremamente diversas. A gente já possuía essa visão crítica.”

    “Se perdemos hoje, não quer dizer que não podemos vencer amanhã”, no filme Utopia e barbárie.

  • “Apolônio me inspirou a gostar da liberdade, porque a vida dele pode ser resumida nisso. Foi uma pessoa que sempre lutou pela liberdade, que traz junto com ela a ideia de igualdade, fraternidade, solidariedade. Essas coisas aprendi com Apolônio”, Rui Falcão, 2/4/2012.

    “Apolônio é um dos maiores exemplos de bravura, coragem e coerência que já conheci. Um personagem absolutamente ímpar em nossa história. Lutou com o mesmo empenho, da resistência francesa ao nazismo e nas fileiras da redemocratização no Brasil”, Lula, sobre sua vida.

    "Foi um desses brasileiros que nunca abandonaram o sonho de fazer do Brasil um país digno e o povo feliz. Teve uma vida extremamente marcada por dificuldades, perseguições, períodos em que esteve proscrito. Viveu na clandestinidade. Porém, em nenhum momento deixou de ser brasileiro.", Carlos Lessa, economista.

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