Memórias da Ditadura

Dilma Rousseff

Economista, ex-ministra e atual presidenta do país, Dilma Rousseff lutou pela derrubada da ditadura, pela democracia e pela liberdade no Brasil.

Em 1964, iniciou sua militância na Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop), aos 16 anos. Depois, ingressou no Comando de Libertação Nacional (Colina), movimento adepto da luta armada. Em 1969, começou a viver na clandestinidade e foi obrigada a abandonar o curso de economia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que havia iniciado dois anos antes. Em julho daquele ano, o Colina e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) se uniram, criando a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). No entanto, ela afirma que nunca participou efetivamente da luta armada.

Em 1970, Dilma foi presa e submetida a torturas em São Paulo (Oban e DOPS), no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. As torturas aplicadas foram o pau de arara, a palmatória, choques e socos, que causaram problemas em sua arcada dentária. No total, foi condenada a seis anos e um mês de prisão, além ter os direitos políticos cassados por dez anos. No entanto, conseguiu redução da pena junto ao Superior Tribunal Militar (STM) e saiu da prisão no final de 1972.

Naquele mesmo ano, Dilma se mudou para Porto Alegre. No ano seguinte, passou a fazer campanha em favor do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. Em 1976, nasceu Paula Rousseff Araújo, sua única filha.

Embora tenha se firmado como candidata à sucessão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma era uma integrante recente no Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1980, ela ajudou a fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT), legenda à qual permaneceu filiada até 2001, quando ingressou em seu atual partido. Durante a campanha presidencial de 2002, que levou Lula ao Palácio do Planalto, Dilma ganhou destaque na equipe responsável por formular o plano de governo na área energética. Foi convidada então a ocupar a pasta de Minas e Energia em 2003.

Permaneceu à frente do ministério até junho de 2005. Em abril de 2009, revelou que estava se submetendo a tratamento contra um linfoma descoberto em um exame de rotina. Após sessões de radioterapia e quimioterapia, Dilma afirmou estar curada do câncer e, apenas alguns meses depois, o PT oficializou sua candidatura à Presidência da República nas eleições 2010, que saiu vitoriosa. Foi reeleita em 2014.

Dilma instala a Comissão da Verdade

Resposta de Dilma, então ministra da Casa Civil, ao senador José Agripino Maria (DEM), em 7 de maio de 2008

Links

frases

  • Senador José Agripino Maia (DEM): “A senhora mentiu na ditadura, mentirá aqui?”

    Dilma Rousseff: “Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira, só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira. Eu tinha 19 anos, fiquei três anos na cadeia e fui barbaramente torturada, senador. E qualquer pessoa que ousar dizer a verdade para os seus interrogadores, compromete a vida dos seus iguais e entrega pessoas para serem mortas. Eu me orgulho muito de ter mentido senador, porque mentir na tortura não é fácil.

    Agora, na democracia se fala a verdade. Diante da tortura, quem tem coragem, dignidade, fala mentira. E isso (aplausos) e isso, senador, faz parte e integra a minha biografia, que eu tenho imenso orgulho, e eu não estou falando de heróis. Feliz do povo que não tem heróis desse tipo, senador, porque aguentar a tortura é algo dificílimo, porque todos nós somos muito frágeis, todos nós. Nós somos humanos, temos dor, e a sedução, a tentação de falar o que ocorreu e dizer a verdade é muito grande senador, a dor é insuportável, o senhor não imagina quanto é insuportável. Então, eu me orgulho de ter mentido, eu me orgulho imensamente de ter mentido”

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