Memórias da Ditadura

Heleny Telles Ferreira Guariba

Professora, teatróloga, militante de oposição à ditadura e desaparecida política desde 1971. Cursou a Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), foi professora universitária, trabalhou com Augusto Boal e foi diretora do Grupo de Teatro da Cidade de Santo André, em São Paulo.

Entre 1965 e 1967, estudou teatro na França e na Alemanha e, após seu retorno, deu aulas de dramaturgia no Teatro de Arena. Em 1969, começou a militar na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) organização que atuava na luta armada contra o regime militar. Entre março de 1970 e março de 1971, esteve presa pela primeira vez. Em seu prontuário no Dops, consta: “presa pela Operação Bandeirantes por estar envolvida em subversão e terrorismo”. Durante esse ano ficou detida no Presídio Tiradentes.

Poucos meses depois de ser solta, em julho do mesmo ano, quando se preparava para deixar o país e viver no exterior, foi presa no Rio de Janeiro junto com Paulo de Tarso Celestino e desapareceu. A ex-guerrilheira e presa política Inês Etienne Romeu, em depoimento dado ao Ministério da Justiça anos depois, afirmou que Heleny Guariba esteve presa em Petrópolis, na chamada Casa da Morte, onde foi torturada e executada. Seu corpo nunca foi encontrado e Heleny é dada como desaparecida política.

Seu nome hoje batiza um Centro Cultural em Diadema, São Paulo, e também o Teatro Studio Heleny Guariba, na Praça Franklin Roosevelt, em São Paulo.

Audiência da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”, sobre Heleny Guariba e Paulo de Tarso - (14/03/2013)

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frases

  • “Heleny me apresentou Stanislavski e Brecht, eu nunca tinha ouvido falar nada disso. Também me ensinou muito sobre estética teatral, mas a grande lição que ficou para mim da convivência com ela foi sua intensidade e radicalidade no modo de viver.”, Celso Frateschi, ator e diretor.

    “Pequena, arisca, você sempre me pareceu uma pessoa muito bonita, dessa beleza que vem de dentro para fora, enraizada no espírito ágil, que conserva, no corpo, o jeito de menina. Mesmo na prisão, sua alegria contagiava. Guardo de você a última vez que a vi. Era seu aniversário e seus filhos levaram um bolo com velinhas e um presente. Ao desfazer a fita de cetim rosa e papel colorido, você viu o que era e achou muita graça, começou a mostrar a todo mundo, a beijar as crianças que, como você, riam das calcinhas em suas mãos. Logo você foi solta, pois apesar das torturas que sofreu nada conseguiram provar contra você. Em julho de 1971, correu a notícia de seu desaparecimento. Sabe-se que foi pelos órgãos de segurança e consta que morreu sob tortura. Disseram que jogaram o seu corpo no mar. Não sei, não posso admitir. Só sei que agora Iemanjá tem um rosto conhecido e um jeito alegre de menina prestativa.”, Frei Betto, numa carta enviada à Heleny, transcrita no livro “Batismo de sangue”.

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