Paulo Reglus Neves Freire, educador brasileiro reconhecido internacionalmente por sua práxis educativa. Ficou conhecido por ter desenvolvido um método inovador de alfabetização, que o tornou uma inspiração para gerações de professores, principalmente na América Latina e na África. Seu método conquistou muitos adeptos entre pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos.
A coragem de colocar em prática um trabalho de educação libertadora, que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, fez de Freire um dos primeiros brasileiros a serem exilados pela ditadura militar. Acusado de subversão e preso em 1964, durante 72 dias, partiu para o exílio no Chile, onde trabalhou por cinco anos no Instituto de Capacitação e Investigação em Reforma Agrária (Icira) e escreveu seu principal livro: “Pedagogia do oprimido” (1968). Freire ainda passou por Estados Unidos e Suíça. Nesse período, prestou consultoria educacional a governos de países pobres, a maioria no continente africano.
Em 1980, Paulo Freire retornou ao Brasil e filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1989, assumiu a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, na gestão de Luíza Erundina. Nos anos seguintes, escreveu dois livros considerados fundamentais em sua obra: “Pedagogia da esperança” (1992) e “À sombra desta mangueira” (1995).
Freire lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e recebeu o título de doutor Honoris Causa por 27 universidades, além de homenagens e prêmios internacionais. Em 2012, foi criada a lei que declarou Paulo Freire patrono da educação brasileira.
Casou-se duas vezes: com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, mãe de seus cinco filhos e falecida em 1986; e Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna. Freire morreu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
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“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”. (Pedagogia do oprimido, 1968)
“Quando penso em minha terra, penso sobretudo no sonho possível – mas nada fácil – da invenção democrática de nossa sociedade”. (À sombra desta mangueira, 1995)
“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”
“Sua trajetória de vida – contribuição teórica, reflexão sobre a prática, propostas de políticas públicas especialmente para a área educacional – fizeram com que se tornasse referência mundial para intelectuais, profissionais de diversos campos do saber, atores sociais, educadores e educadoras, comprometidos com as causas populares, com a educação pública de qualidade e com a luta por uma sociedade mais justa e igualitária”, Ivan Valente.
“O pensamento de Paulo Freire – a sua teoria do conhecimento – deve ser entendido no contexto em que surgiu, o Nordeste brasileiro, onde, no início da década de 1960, metade de seus 30 milhões de habitantes vivia na ‘cultura do silêncio’, como ele dizia, isto é, eram analfabetos”, Moacir Gadotti.