Memórias da Ditadura

Ruy César

Ruy César Costa Silva cursou a faculdade de Comunicação na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Participava do movimento estudantil numa tendência ligada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ao qual era filiado. Ruy tinha uma atuação empenhada no seu teatro engajado, que apresentava nas assembleias da faculdade, com temas que envolviam, por exemplo, a violência contra a mulher.

Foi preso e torturado pela primeira vez na década de 1970, por estar ligado ao jornal universitário Faca Amolada, de Salvador. Aos 22 anos já era uma notável liderança política de esquerda. Militou ao lado de líderes sindicais, entre eles, Lula, à época presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Desempenhou papel fundamental no processo de reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE), dirigindo o congresso realizado em Salvador, que contou com a participação de 5 mil estudantes de todo o país. Sua eleição como presidente da entidade, em 1979, ainda sob a ditadura, também foi a primeira na história da UNE a ser decidida por voto direto.

Ao terminar seu mandato como presidente da UNE em 1981, passou a se dedicar mais à cultura e à educação, tendo como maior projeto a fundação, em 1982, da Casa Via Magia, produtora cujo objetivo era promover o desenvolvimento comunitário e a cooperação cultural.

Após seu mandato na UNE, Ruy foi notícia em função de declarações criticando a política estudantil ortodoxa, e optando por trabalhar com educação de crianças, teatro e mais envolvido com questões como o futuro do planeta e os comportamentos dos jovens. Ele foi radical e coerente com seus princípios na sua postura na política e na cultura.

Links

frases

  • Essa questão da política começou no interior da Bahia, porque eu nasci na região rural. Estudei em um colégio agrícola muito repressor. Sou técnico em agropecuária. Nesse colégio, comecei com teatro, jornal. E o jornal foi apreendido, a peça foi proibida. Era um colégio ligado a Ceplac, que era o Plano de Recuperação da Lavoura Cacaueira, e ligado direto ao governo federal. Então, era um colégio com muita repressão. Jovem, eu senti essa necessidade de expressão. Não tinha contato com nenhum movimento político. Mas, logo depois, eu fui para Salvador estudar jornalismo e encontrei a universidade invadida pelo Exército. Isso foi em meados da década de 70 e, novamente, fomos fazer um jornal, chamado Faca Amolada, e o jornal foi apreendido e eu, preso.”

Biografias
da
resistência